Fluxo Digital

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Fluxo Digital

Ao longo dos anos, a forma de moldar e os materiais utilizados sofreram diversas alterações e melhorias. A moldagem foi introduzida na odontologia para copiar as características da cavidade bucal e reproduzir os tecidos moles e duros da boca. Isso permitiu transferir uma situação clínica para estudo fora da boca através de modelos em gesso. No entanto, o conforto do paciente com a moldagem, o tempo clínico e laboratorial dispendido e a desinfecção dos moldes ainda são pontos negativos da moldagem tradicional com materiais de impressão.

Do físico para o digital

A moldagem tradicional ainda prevalece atualmente, mesmo com alguns problemas rotineiros caso o dentista não molde adequadamente e utilize os materiais de acordo com o recomendado, como a presença de bolhas e alterações dimensionais naturais de alguns materiais de impressão como os alginatos. Assim, a fidelidade de cópia e facilidade da impressão são motivos de constante interesse dos dentistas para que ocorram melhorias, o que impulsionou o Fluxo Digital em odontologia nos últimos anos.

O desenvolvimento de novas tecnologias de escaneamento intraoral permitiu o desenvolvimento de sistemas de moldagem digital. Surgiu assim um novo método de moldagem baseado em sistemas de criação e produção auxiliada por computador para fazer frente a moldagem convencional, que permitem imprimir modelos tridimensionais com alta fidelidade de cópia e riqueza de detalhes (Figura 1).  A seguir são apresentados 4 aspectos fundamentais para entender como funciona o Fluxo Digital e como ele facilita (e muito!) o trabalho do cirurgião-dentista.

Figura 1. Modelo tridimensional obtido após escaneamento das arcadas e impressão 3D utilizando a resina Cosmos Grey da Yller.
Imagem: Dr. Gregori Boeira.

1. O que é Fluxo Digital?

O Fluxo Digital inclui o uso de imagens 3D obtidas através do escaneamento intraoral da cavidade bucal e da Tomografia Computadorizada de Feixes Cônicos. Além disso, inclui o uso de softwares para auxiliar no planejamento do tratamento, bem como impressoras 3D ou sistemas de fresagem e usinagem de cerâmicas, que através da prototipagem permitem a produção de modelos, guias cirúrgicos, restaurações ou próteses provisórias e definitivas.

A automação na odontologia pode ser dividida em dois processos distintos: CAD e CAM. O termo CAD (computer aided design) é designado à criação e análise por computador, enquanto CAM (computer aided milling) se refere à etapa de produção comandada pelo computador, como a fresagem e usinagem. A impressão 3D para prototipagem também pode ser feita após escaneamento intraoral da cavidade, permitindo um fluxo de trabalho muito mais fácil e em curto espaço de tempo.

2. Vantagens do Fluxo Digital

O Fluxo Digital apresenta uma série de vantagens, sendo livre das diversas etapas laboratoriais para confecção dos modelos físicos, o que permite:

Além disso, o Fluxo Digital apresenta maior facilidade na manipulação da imagem para planejamento do caso, o que pode auxiliar a alcançar uma maior previsibilidade dos tratamentos. Atualmente, diversas clínicas de radiologia e tomografia já realizam o escaneamento e digitalização da cavidade bucal.

3. O Escaneamento

O scanner é o equipamento utilizado para obtenção e transmissão das imagens da arcada dental para o computador. O processo é bastante simples e semelhante a digitalização de um documento. Usualmente, três etapas básicas compõem um sistema CAD/CAM, a digitalização, o desenho e a produção. Dependendo da finalidade, essas etapas podem variar, já que algumas vezes a produção do modelo ou prototipagem pode não ser a finalidade do processo, e sim o planejamento digital.

No processo de digitalização, as características orais são captadas em boca (diretos) ou em modelo de gesso do paciente (indiretos). No método direto não é necessário moldar o paciente, já que esta etapa é substituída pelo escaneamento das superfícies dentais com um scanner de mão. Esse método é mais simples, e simultaneamente o modelo é criado na tela do computador e já pode ser usado para o planejamento e confecção da prótese, ou prototipagem. Desta forma são eliminadas duas etapas da impressão convencional: a obtenção do molde e preparação do modelo de trabalho. Não é necessária a seleção de moldeiras e não há incômodo e desconforto para o paciente que ás vezes sente náuseas pelo extravasamento dos materiais de moldagem ou queixa de gosto desagradável.

Há ainda maior facilidade dos modelos digitais para articulação, o que simplifica a etapa de articular as arcadas e reconstruir a mordida do paciente. Após o escaneamento do arco superior e inferior, o paciente oclui os dentes para registrar a relação de mordida, e o sistema do computador articula os dois arcos a partir da digitalização da oclusão. Além disso, os dados criados pelos modelos digitais podem ser armazenados em discos rígidos ou na nuvem, sendo facilmente transferidos para mídias de armazenamentos (pendrives, CD’s, DVD’s).

De maneira geral, os estudos relatam que as imagens obtidas pelo escaneamento são precisas, e a fidelidade de cópia pode ser influenciada pela habilidade do operador, tipo de equipamento utilizado e por aspectos de cada paciente, como tamanho dos arcos, presença excessiva de saliva, movimentação durante o processo de escaneamento. Alguns sistemas de escaneamento diretos podem sofrer com o reflexo das superfícies, o que impossibilita a correta digitalização das superfícies dentais. Dessa forma, às vezes é necessário utilizar um spray de dióxido de titânio nos dentes para promover opacidade e permitir a digitalização das superfícies e dos preparos dentais. Além disso, o escaneamento intraoral usualmente é feito apenas das superfícies dentais, e em alguns casos o uso de Tomografia Computadorizada pode auxiliar na obtenção de registros digitais da condição óssea do paciente por exemplo.

O sistema direto ou scanner intraoral para uso clínico possui um dispositivo de mão com uma ponta que projeta luz ou laser que captura pontos diretamente em boca. O princípio técnico para realizar o escaneamento é baseado em três métodos de captura de imagem que incluem a triangulação, a imagem confocal e a amostragem de frente de onda ativa. Os sistemas mais conhecidos de scanner são o CEREC (da Sirona), o Itero (da CADENT) e Lava COS (da 3M ESPE).

Figura 2. Riqueza de detalhes de modelo após impressão 3D com a resina Cosmos Grey da Yller.
Imagem: Dr. Gregori Boeira.

4. O Planejamento

Depois da digitalização das arcadas dentárias, o dentista pode planejar o caso digitalmente da maneira que preferir, seja para prototipagem, confecção de um guia cirúrgico, confecção de próteses dentais e outros. Geralmente, o escaneamento intraoral gera um arquivo no formato STL, e a tomografia computadorizada arquivos no formato DICOM. Os programas utilizados apresentam diversas ferramentas de criação, como o Blue Sky Plan, que permite trabalhar com arquivos tanto no formato STL quanto DICOM. Dessa forma, o Fluxo Digital permite obter um ambiente de trabalho ilimitado, sendo possível delimitar o término cervical do preparo, definir os limites proximais da prótese, realizar ajustes de tamanho e contato oclusal com o dente antagonista, planejar guias cirúrgicos, realizar a prototipagem e impressão 3D das arcadas (Figura 2), entre outros.

 

Fonte: https://www.yller.com.br/o-que-voce-precisa-saber-sobre-fluxo-digital-em-odontologia/

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